quinta-feira, novembro 25, 2004

Palavra de algodão

Pequena palavra de algodão,
Que hoje te cansaste em mim.
Pequei porque me fizeste ladrão,
De crime sem começo nem fim.

Gigante de gente pequena,
Destino fingido de um ser.
Por ti cumpri a minha pena,
Fiquei louco até envelhecer.

Triste, inconfundível desgosto,
De sorte certa e penetrante.
Se um dia o amor é um posto,
No outro é suave uivo gritante.

Quando um dia de ti me soltar,
Será o mais frio e longo Verão.
Pronto para de ti me cansar,
Pequena palavra de algodão.

terça-feira, novembro 23, 2004

Pintada de amarelo

Na manhã seguinte de um sonho qualquer,
O sol que a batalha fez desaparecer.
Sobe e rodeia a montanha maior,
Deixando um rastro de luz incolor.

A lua não aquece mas insiste em falar,
Que a sua luz escura parece embalar.
Destino riscado por homem nenhum,
Soneto ensonado embebido em rum.

Sopro distante de vento desconhecido,
Empurra o barco nas ondas perdido.
Aviva a fogueira que alguém apagou,
Castelo de folhas que desmoronou.

Mas esse vento não poderá apagar,
A história de amor que o velho contar.
Escrita com estrelas à luz do luar,
Da que não aquece mas teima em queimar.

Momento perdido (para encontrar mais tarde)

Sou poema instrumental,
De artista ainda por inventar.
Canso as cordas da guitarra,
Envolvido numa noite de luar.

Minto com todas as letras,
Uma verdade indiscutível.
Uma agulha num palheiro,
Nunca foi nada impossível.

Numas noites procuro-te,
Num silencioso prazer.
Escrevo teu nome no sol,
De manhã ao entardecer.

Lua, reflexo amante,
Paixão, loucura do ser.
Amor luxuoso e distante,
De poeta a envelhecer.

Tristes são as noites,
Longos são os dias.
A mim tudo me falta,
Prosas, versos, poesias.

segunda-feira, novembro 15, 2004

Para sempre Queen

Não há tempo para nós
Não há lugar para nós
Que coisa é essa que constrói os sonhos
E mesmo assim afasta-se de nós

Não há alternativa para nós
É tudo decidido para nós
Este mundo tem apenas um doce momento
Longe do nosso alcance

Mas toca as minhas lágrimas
Com os teus lábios
Toca o meu mundo
Com a ponta dos dedos

E poderemo-nos ter para sempre
E poderemo-nos amar para sempre
Para sempre é o nosso dia actual

De qualquer maneira
Quem espera para sempre?

sexta-feira, novembro 12, 2004

Estado de loucura crónico

Tuas palavras fizeram-me parar o tempo que teimava em passar como se nada de importante ocorresse. Nada é sinal que não existem palavras e todas as palavras não são nada? Então porque o tempo não parou? Se nada faz o tempo parar, porque é que o tempo não para quando meus lábios encontram os teus. Porque quando isso acontece, eu sei que não há palavras que a exprimam, e como não há palavras, estamos no contrário do nada e então o tempo devia parar. Se a negação de uma negação significa que não existe negação e como nada faz o tempo parar, então uma simples troca de olhar, um beijo profundo, ou uma palavra quente deveriam fazer parar o tempo, pois significam algo contrário do nada que faz o tempo parar. Tenho a triste sensação que nada me irá tornar algo que sempre quis ser diferente do nada que hoje tenho a certeza que amanhã não serei. Quando uma coisa importante acontecer, farei com que o tempo pare e nada me faça recordar de nada que faz parar o tempo, pois disso é feito a vida, momentos de nada diferentes do tempo que fazem perder a lembraça de nada.

Importante: Não tomar este como referência

Pintura de um som

Nasci de uma lágrima, caí em soluços. Fiz de um rio meu lar, fui-me deixando ficar. Perdi-me a contar carneiros esperando voltar a visualizar tua face para poder voltar para teu olho, o lugar de onde nunca devia ter saído. Mas se isto é uma prova, se me querem ver longe de ti, terei de ganhar asas e voar. Pedirei ao sol que me aqueça e me faça subir, até te perder de vista. Esperarei pacientemente por outras lágrimas que sei que vou encontrar pelo caminho até já não cabermos no nosso futuro lar feito de nuvens e cairmos. Quando esse momento chegar, quando enfim do ar em chuva cair, procurar-te-ei até me perder na tua pele. Só assim me posso redimir da culpa de ser fruto de um julgamento de um crime que cometi.

quinta-feira, novembro 11, 2004

Poeta praticante

Sou folha de Outono perdida numa noite de Março. Fiz-me poeta, na mão de um poema, de uma história de vida que me fez retorceder no tempo. Quando acordei era novamente criança e brincava inocentemente com os riscos que outrora alguém deixou escritos no vento. Memória de uma vida, transtorno de um momento, lágrima perdida, alegre pensamento. Se quis plantar uma arvore foi porque quis marcar num pedaço de terra a esperança de um futuro melhor. Se escrevi um livro foi porque quis fazer transbordar minha loucura num copo vazio, que sofre com passos pesados o pesadelo de um planeta podre. Se quis ter um filho foi porque acredito que o futuro vai cuidar bem dele. Agora, olhando para trás vejo a obra feita e posso dizer que estou realizado. Sabias que quando neva, meus olhos ficam maiores e a luz que teus olhos irradiam pode ser vista?

Para quem ainda se lembrar do anúncio

Há dias que tenho uma vida dupla. De dia trabalho, mas depis, a adrenalina e o coração disparam. Quem olhar para mim não imagina que eu já comandei exércitos, já conquistei o mundo. Eu sim, posso dizer... que já vivi.

quarta-feira, novembro 10, 2004

Uma noite fria para esquecer

Chamada urgente. O poeta revirava-se com dores e nem a melodia que ouvia constantemente repetida em sua cabeça, aquela que o fazia adormecer e acordar cada vez com mais vontade de a passar da caneta para o papel e finalmente a musicar, o conseguia acalmar. Era mais um dia do infindável Inverno de 1995. Nada faria prever que aquela noite mágica iria terminar daquela maneira tão terrível. Talvez devido à orgia culinária do princípio das noite, algo A MAIS que o poeta ingeriu daquela infindável disposição gastronómica. Certo de que aquele seria mais um obstáculo que teria de passar ao longo da sua esperada longa estadia material. O grupo juntou-se todo em assembleia geral extraordinária de urgência para se ir certificando o avançar dos acontecimentos in loco. Os últimos pássaros da noite cruzavam-se com os primeiros pássaros da manhã, a boémia nocturna deixou escapar uma lágrima ao ter de partir sem ver o caso resolvido por bem. No nascer do dia houve choro e trovões retratando o desespero de todos os que partilhavam as suas vidas com o poeta. Por fim o céu clareou e os pequenos raios de luz penetraravam pelo olhar do poeta. Este, refeito da noite anterior, e pronto para outra, juntou-se ao resto do grupo para aprimorar mais uma obra prima. Eu sei o que se passou, também eu tenho dias assim...

quinta-feira, novembro 04, 2004

Falta de imaginação (só pode melhorar)

Palavra de poeta, que pinta o poema
Sorte saciada do soneto sonegado
Morte musicada do mercado mundial
Trama, testemunha do texto tatuado
Faca fatalista da façanha fenomenal

Soube ontem que procuravas por mim....

terça-feira, novembro 02, 2004

Pura e simplesmente nada

Onde estás? Para onde vais? Não me faças dormir outra vez sem saber se vou estar contigo amanhã. Amanhece e quando acordo olho para o meu lado e não te vejo. Amante vadia e nocturna que te vais com o primeiro raiar de sol. Onde consegues arranjar todas aquelas frases bonitas com que me fazes adormecer todos os dias. O teu cheiro suave, a tua voz melodiosa, fazem com que adormeça a olhar para ti e que acorde a lembrar-me de ti. Mas porque me fazes isso, ando doido pelo dia, rogo pragas a cada raio de luz que quanto mais ilumina mais me deixa longe de ti. Ontem fui passer sózinho pelo parque. Sei que as pessoas olhavam para mim, como quem olha para alguém com pena. Sinto-me incompleto sem ti, já nem sinto necessidade de comer. Enfim o final de tarde chega, por fim a luz diminui. Vejo-te ao longe a correr de braços abertos para mim. Estou feliz, apetece-me parar o tempo e fazer com que o nosso encontro não acabe jamais. Finalmente encontrei-te para te voltar novamente a perder...

Se um dia me cansar de escrever...

Leve cair da pena, que cria as fantasias do momento e revive as memórias do passado. Pena que escreve as palavras, que apaga as tristezas, que pinta um futuro irreal ou completamente diferente do que seria se ninguém se cruzasse na minha viagem. Hoje parti e esqueci-me de te escrever e de te dizer o quanto a minha alma ficou vazia à medida que me afastava de ti. Os dias já não tem o mesmo sabor, as noites são companhias solitárias, as semanas são intermináveis aqui. As estrelas continuam-me a dizer que estás bem. A lua continua-me a segredar em quarto crescente que as saudades cessariam em breve, mas o sol, esse monstro luminoso, levantava-me todos os dias e mostrava-me que por cada vez que ele nasce eu estava mais longe de ti. Espero que alguém (tu) apanhe a minha mensagem na garrafa.

segunda-feira, novembro 01, 2004

A new different way to see you

It was the second day of the ever remembered month of May. The Poet, has someone once tell him, started his journey asking time why does it keeps on climbing arround the clock as if the present just started to became past, and the past started to look like history. Time ropped from his huge chair and told him, that if he doesn't exist, people won't take a minute or two enjoying the good things in life, because they were allways occupied with the future. That he told me....

Versos aos pedaços

Se um dia vires uma estrela
Que brilha como alguém que sorri
Não te assustes, não fujas dela,
Sou eu a pensar em ti...

Disse-lhe um segredo
Ela ficou muito feliz
Agarrou-me pelo dedo,
Deu-me um beijo no nariz

Colhi um dia um cravo,
Para oferecer ao meu amor.
Ele é lindo, puro e novo,
Mas tem picos e causa dor.

Presos ao ritmo do choro de uma noite qualquer

A chuva caia lá fora e fazia um barulho estranho ao bater no telhado, produzindo o som característico da chuva quando se depara com um objecto, ( de vidro neste caso). Caia a um ritmo constante formando uma melodia de "ping"'s que fazia lembrar o bater de um tímbalo. O poeta apressou-se a ir buscar o seu instrumento de trabalho e começou a tentar acompanhar a melodia. Entretanto chegam todos os restantes membros do grupo e re-inventam a melodia. Assim nasceu mais um novo sucesso que só seria melhorado num café algures aquando as suas reuniões nocturnas após expediente. A incessante busca pela perfeição fez com que eles trabalhassem a música pela noite dentro, até que chegou o momento em que todos em uníssono concordaram ter atingido o patamar perfeito.
A partir desse dia, após terem atingido a perfeita sintonia com o bater ritmado da chuva, nunca mais choveu. A vida é assim, feita de imprevistos.

Numa noite fria de (04/04/98)

Um dia uma criança sonhou ser um poeta,
Escrever tudo o que lhe apetecia num livro,
Algo com ritmo, rima, lógica, valor para quem a lia.
Mas algo lhe ocupava a mente mais do que esse sonho,
Uma vontade enorme de ser quem era,
De brincar como todos desde a manhã ao entardecer,
De jogar à bola numa correria doida,
De ter amor, carinho, compreensão,
Ajudar a todos como ele próprio o queria,
Que lhe fizessem quando lhes pedisse.
De chorar, rir, fazer asneiras, tudo o que mais lhe apetecia.
Fazer caretas aos outros, correr, saltar,
Fazer de tudo um pouco.
Perguntar os comos, os porquês das coisas,
Segurar o mundo e embalá-lo como um menino,
Entender como o tempo se alterava durante um dia,
Saber distinguir a verdade da mentira,
Saber o significado da palavra amigo,
Entender porque é que há ricos e mendigos.
E no meio desses porquês todos,
No meio dessas perguntas sem resposta,
Sem se aperceber a criança era o que um dia sonhou ser.
Assim nascera mais um poeta...

Uma memória para o resto da vida

Passavam poucos minutos das 11,30 da manhã daquele magnífico Outono de 1996. Toda a cidade parecia ainda ter fresca na memória todos acontecimentos da semana passada, noite gloriosa em que Manuel Passos Coutinho, o galocha para os amigos, tinha atravessado vitorioso a linha de chegada que distava 44 Km desde o ponto em que começara a correr cerca de uma hora e meia antes. Desde esse momento, o poeta, amigo de infância do galocha, revivia ininterruptamente a alegria do momento da chegada do galocha, todos os sons da vitória, toda a alegria da confusão, os berros da chegada, as lágrimas de emoção. Os jornais ainda não pararam de falar nele. Quem diria, o galocha, que uma semana depois ainda fazia furor em todos os meios de comunicação. Durante essa semana, Manuel Passos Coutinho foi o campeão indiscutível, mas para o poeta e para os amigos ele além de campeão continuava a ser aquele jovem rebelde que foi a pé cochinho para casa por ter perdido uma galocha no meio da lama num buraco qualquer de uma rua, algures perto da sua casa.

Com destinatário conhecido

Era mais uma noite de muitas noites perdidas dentro de uma sala aperfeiçoando o produto final que só seria totalmente realizado num café algures onde a noite continuava a fluir enquanto todos os outros locais insistiam em fechar para renascer no dia seguinte. Era tal o perfecionismo que o tempo não tinha tempo suficiente para eles se re-inventarem e re-construirem da melhor e da única maneira que eles achavam a mais correcta. Foi num Outubro perdido do ano que para sempre ficará na memória de todos, que tudo aconteceu. Na confusão de mais uma noite, tudo que era realidade passou a encabeçar a lista dos sonhos. Tudo ficou um pouco confuso naquela noite terminada a cansar as cordas na alegre melodia de "E porque somos amigos". De todas as dúvidas que tenho e com que fiquei nessa noite, só me resta uma certeza, a de que nos iremos encontrar novamente.

Numa quinta-feira seguinte

A nota intermédia de uma escala de sol, acompanhava a amena cavaqueira de mais uma noite do ano perdido no tempo de 1998. O suave aroma da cevada acabada de moer no início do amanhecer, marcava-lhe no calendário mais um dia inesquecível da sua curta existência. Curta demais para conter todos aqueles momentos que se iriam repetir e reviver por muitos anos da sua existência. No silêncio de mais uma rodada, na mistura explosiva de sentimentos com o som do sorriso de sétima de sol, fazia-se mais uma letra, inventava-se mais uma música, marcava-se mais uma vida... até nunca mais a poder contar...

Ser poeta é....

Musa, poema escrito numa noite quente de Verão. Palavra perdida numa árvore centenária, jovem demais para a eternidade do nosso amor. A garrafa lançada em pleno oceano lá continuava a boiar, volvidos 1.000 anos após o primeiro encontro e pouco tempo depois do primeiro beijo. A minha palavra de hoje faz lembrar todo um cem número de livros lidos e de palavras escritas que fazem com que a ausência do teu amor não seja sentida no longo balançar do ponteiro do relógio, ao longo das intermináveis 24 horas de um dia completo. Se tu não existisses, acho que nunca teria sido inventado.

Primeiro blog do resto da vida do poeta

6 anos tinham passado desde a última vez em que o poeta tinha subido ao palco. Agora, enfiado entre quatro paredes ainda conseguia ouvir o som dos sorrisos e das palmas que o invadiam sempre que ele representava o papel que lhe fora destinado. A sua memória estava tão fresca que poderia jurar que tudo teria acontecido no dia anterior, ou seria por ele já estar um pouco perdido no tempo, divagando por entre recordações e revivendo-as. Ainda sente as pontas dos dedos húmidas quando se visualiza no centro do palco a ouvir a sentir cada batida de cada acorde, cada som de cada quadra, os amigos que tem um lugar guardado no poço das recordações, cada momento que existiu que perdurará muito para além do tempo físico. Tudo pouco demais para ser vivido em apenas uma vida, mas para ser repetidamente revivido em todas as vidas onde a prosa do poeta seja ouvida em cada esquina e por todas as esquinas. A Lua caia, o vento parava e iluminava-se a noite só para os verem passar.



P.S. : Eram mais de três

Recordações (transcrevendo um poeta)

Foi em Setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio
Nãs mãos, o calor de Agosto e um sorriso
Um sorriso tão grande que não cabia no tempo
Ouve, vamos ver o mar, foste 30 de Fevereiro
De um ano por inventar
Falamos, falamos coias tão loucas
Que acabamos por unir as nossas bocas
E eu aprendi a amar.

Foi em Novembro que partiste
Levavas nos olhos as chuvas de Março
E nas mãos, o mês frio de Janeiro
Lembro-me que disseste que o meu corpo tremia
E eu, que queria ser forte, falei-te do vento Norte
Não, não me digas adeus
Quem sabe, talvez um dia
Como eu tremia, meu Deus
Amei como nunca amei
Fui louco, não sei talvez
Mas por pouco, muito pouco
Eu voltaria a ser louco
Amar-te-ia outra vez.